Título: A Fuga – pela visão de Benjen Stark
Autora: Jonilza Duarte (Jo. Duarte)
Categoria: POV Benjen
Classificação: G
Capítulos: Indefinidos = A princípio, paro por aqui, mas pode ser que eu volte ao tema. Vai depender das outras.
Completa: [ x] Yes [] No
Resumo: Esta é minha primeira fanfic e é de Lyanna e Rhaegar!
Quanto à linha do tempo: Martin não nos revelou com precisão até agora, não com relação a este evento. Então, com a licença poética que possuo, criei a seguinte:
1) Lyanna recebe a notícia do noivado e se revolta.
2) O pai a manda para Porto Real – onde passa uma temporada e conhece Rhaegar.
3) Ela volta para Winterfell
4) Acontece o Torneio de Harrenhal.
5) Lyanna volta pra Winterfell e um tempo depois, foge.
Aviso aos navegantes: A fic é LIVREMENTE INSPIRADA na obra do Martin, especialmente no que se refere à história de Lyanna, que por não ter sido completamente contada tem muitas teorias. Então, baseada na teoria que mais ME agrada, criei esta fic. Portanto, NÃO LEVEM A HISTÓRIA A SÉRIO!
A Fuga – por Benjen Stark.
Ainda faltava muito para que o sol nascente iluminasse os muros de Winterfell. Na verdade, pouco tempo havia se passado desde que escutaram os últimos barulhos que denunciavam que havia alguém acordado. Alguém, além dos homens que montavam guarda. Dois vultos se moviam em silêncio pelos labirintos de pedra cinzenta que era Winterfell. Benjen tentava pensar nisso como mais uma de suas aventuras secretas com Lya. Tentava, mas não conseguia. Sabia que ao final da caminhada, quando alcançassem o vale por trás dos muros de Winterfell, teriam que se despedir. Lya partiria para uma aventura só dela. Não, não seria uma aventura, seria uma nova vida, ao lado do homem que amava – era isso que ela lhe dizia. Foi assim que conseguiu convencê-lo.
Na verdade, nem foi preciso tanto. Por serem os filhos mais novos, eram mais próximos, cúmplices um do outro. Apesar de amar seus outros irmãos, era com Benjen que Lya era mais apegada. Era com ele que partilhava sonhos e agora,
SEGREDOS. Brandon, quase não lhes permitia fazer nada! Como irmão mais velho, assumira para si o dever de protegê-los e sempre lhes cobrava obediência. Passava a maior parte do tempo acompanhando o pai. Um dia, seria o senhor de Winterfell e havia muito para aprender. Os empregados costumavam dizer que Brandon era a sombra do senhor, seu pai. Ben, pensava que essa sombra não era tão sábia e nem tão amável, mas esperava que o irmão aprendesse também essas coisas. Achava que além de respeitado e obedecido, um senhor deveria ser amado. Para Ben, o irmão Ned, era quase uma visita. Morava no Vale, com Jon Arryn e vinha para casa poucas vezes, sempre trazendo consigo seu amigo Robert, a quem chamava de irmão. Benjen não gostava muito de Robert, ele era um fanfarrão. Faltava-lhe a seriedade dos homens do Norte.
Seus pensamentos voltaram para Lya e para as coisas que costumavam fazer, antes. Costumavam fugir para duelar. Mantinham escondida a chave de uma sala em uma das antigas torres. Ali guardavam espadas velhas, couros, escudos, meio elmos e até mesmo duas lanças, tudo o que conseguiam juntar. Sempre que podiam, iam para a mata e lá passavam algum tempo treinando, longe das vistas do pai e de Brandon. Eles não queriam ver Lyanna com uma espada na mão...
De repente, Ben tropeça. O chão estava forrado de folhas e no escuro, não era possível ver as raízes grossas e retorcidas que saltavam da terra. Em meio às suas lembranças nem percebeu que já não estavam mais entre as antigas paredes de Winterfell. Sentiu a rajada do vento. A noite estava fechada e nuvens densas e escuras encobriam as estrelas. Na mata, folhas e galhos eram levados de um lado para outro. Era a chuva que se aproximava. Benjen gostava do barulho da chuva batendo na janela de seu quarto, mas agora, sentiu um calafrio e pensou que não gostaria que chovesse, não esta noite. Andavam em silêncio e rápido. Podia sentir as pedras por baixo da sola de suas botas. Estavam na floresta, mas não na trilha que todos usavam. Andavam pela trilha secreta, a trilha dos “2 irmãos”, como a chamavam, mas que agora era também a trilha para a “
liberdade”. Ultimamente, ouvira essa palavra sair muitas vezes da boca da irmã.
Lyana crescera em Winterfell, mas não vivia sozinha. O pai fazia questão de rodeá-la de garotas de sua idade, filhas dos senhores seus vassalos, mas Lya não era como elas. Embora soubesse se comportar direitinho como uma senhora nobre, frequentemente se mostrava ousada e voluntariosa, verdadeiramente senhora de si. Chegara até mesmo a desafiar o senhor, seu pai, quando este arranjou-lhe um casamento. Um dia, Ben ouviu seu pai dizer que Lyanna tinha o
“sangue do lobo” correndo em suas veias, por isso, precisava ser refreada. Todos os Stark possuíam o “sangue do lobo”, uns mais, outros menos. Ben achava que no caso dele, era menos. Certo tempo depois, seu pai arranjara para que Lyanna fosse passar uma temporada com uma senhora, prima de sua mãe, em Porto Real. Para Ben, esse foi o período mais triste de sua vida. Era como se toda a Winterfell tivesse se transformado em uma grande cripta. Sua tristeza só diminuía quando lhe chegavam notícias de sua irmã. A prima de sua mãe, frequentemente escrevia a seu pai e sempre dizia que Lyanna encantava a todos que a conheciam, por conta de sua beleza e boa educação e que, não ficava a dever em nada a nenhuma das senhoras mais nobres do sul. Tais notícias enchiam a todos de orgulho.
Lyanna sempre enviava um corvo a Ben. No começo só havia reclamações, depois passara a contar sobre as pessoas e os locais que conhecia. Parecia que começara a gostar. Depois as notícias diminuíram e ela pouco escrevia e sem maiores detalhes. Até que um dia, enviou notícias dizendo que logo se encontrariam. Para Ben, este foi um dos dias mais felizes de sua vida. Quando se encontraram e puderam ficar a sós, Lya lhe contou tudo o que lhe acontecera, mas antes
o fizera prometer que não contaria nada a ninguém, nunca! Agora, além de voluntariosa, Lya também era apaixonada. Claro que isso, ninguém sabia, a não ser os dois confidentes,
ele e o outro. Houve alguns comentários, após o Torneio de Harrenhal, mas eles sempre foram muito discretos e por mais que alguém desconfiasse, não poderia provar nada. Além do que, Lyanna era filha de Winterfell, uma Casa conhecida por sua Honra.
Desperdir-se de Lya agora, doía-lhe mais do que da outra vez. Quando ela foi para Porto Real, ele sabia que ela voltaria, mas agora ele nem sabia para onde ela estava indo. Ela não lhe disse, para que ele não precisasse mentir e assim, fosse mais convincente. O momento da partida se aproximava. Ao longe viram um grande vulto com sua capa tremulando ao vento, mas estava sozinho.
Onde estaria seu companheiro? Trazia à mão um pequeno archote e montava um garanhão negro. Era ele, o Príncipe de Pedra do Dragão. Benjen via como Lyanna o olhava. Havia amor em seus olhos e eles brilhavam à luz do archote, deixando-a ainda mais bela. Ao se aproximarem de Rhaegar, Ben viu que nada o denunciava. Não se vestia como um príncipe e também não usava armadura, mas viu seu inconfundível cabelo louro-prateado por baixo da capa. Ben, tremeu. Não sabia se por medo ou emoção, então agarrando o braço da irmã, lhe perguntou:
_ Você... você não tem medo?
_ Ah... Ben, o amor lança fora o medo. – foi a resposta dela.
Ele lhe deu um último abraço, mas não conseguia soltá-la, não queria deixá-la ir. Ela afagou-lhe os cabelos e lhe disse:
_ Agora temos de ir, Ben.
Se aproximaram do príncipe montado e com cuidado, ela pegou o archote das mãos dele e entregou-o a Benjen, dizendo:
_ Tome. Use-o para iluminar o seu caminho de volta, mas apague-o quando já estiver na metade da trilha, para que não o vejam das muralhas e pensem que você é um selvagem. Nada pode dar errado, Ben. Lembre-se, você precisa nos dar tempo! Quando se reunirem para o café da manhã pergunte por mim e lhe dirão que passei o dia de ontem dizendo que iria sair bem cedo para ler em paz na mata. Então, vá treinar com os guardas ou arranje algo que lhe ocupe o tempo em meio a outras pessoas. Somente lá pela hora do almoço é que devem dar pela minha falta. Mostre-se aflito e saia com eles para me procurar. Não desista de me encontrar. Quando eles se cansarem, insista! Diga que devem continuar a me procurar. Faça com que me procurem a tarde toda e até à noite, na mata. Não deixe que saiam da mata. – Tomando seu rosto entre as mãos ela lhe disse:
_E Ben, prometa-me que NUNCA dirá nada, prometa-me. Rhaegar... não quero que eles o odeiem. No momento certo, eu mesma irei lhes contar tudo. O pai me entenderá, eu sei que vai. E Brandon, tente conter Brandon – ela suspirou e engoliu um choro.
Ele viu seus olhos aflitos e tocando sua face, firmemente disse-lhe:
_ Prometo, Lya. Eu prometo. Não lhes direi nada.
Nesse momento, um raio riscou o céu e um rouco trovão estrondou. Em seu íntimo, Ben, rezava para que nunca se arrependesse disso. Então ouviu Rhaegar dizer:
_ Venha, Lya. Já passa da hora de partirmos.
_ Partirão com apenas um cavalo? Benjen perguntou-lhe, preocupado.
Rhaegar lhe respondeu:
_ Não. Um amigo nos aguarda pra adiante da Vila de Inverno. Tem com ele uma montaria para Lya.
_ Então seguirão pela estrada do rei, até onde?
_ Não vou lhe dizer nosso destino, mas não seguiremos pela estrada. Estaríamos descobertos. Nada tem a temer, irmão. E quando chegarmos lá, estaremos bem protegidos.
Rhaegar estendeu os braços para Lya e a ergueu para cima do cavalo, pousando-a à sua frente. Então, levando a mão para dentro da capa, retirou uma rosa azul-clara e ajeitou-a nos cabelos de Lya. Ela lhe sorriu e recostou-se ao seu peito. Rhaegar puxou a capa para que a cobrisse também, e dirigiu a Ben um aceno com a cabeça e então, fez avançar o cavalo num galope, partiram. Ben, ficou ali parado, olhando até que sumissem e não demorou.