Título: Safiras
Autor: Zabellle (ela fez como um presente pra mim ^^)
Ship: Brienne/Jaime
Categoria: Romance
Advertências: Spoiler de A Dance with Dragons
Classificação: PG
Capítulos: Um
Completa: [x ]Sim [ ]Não
Sinopse: Depois da Guerra dos Cinco Reis, Jaime é finalmente julgado pelo seu crime que lhe rendeu a alcunha de Regicida... e talvez ele tenha chance de um recomeço...
“You're the dancer in the dark”
“You're the child of the light”
“You're the sinner of all time”
“You're the saint with wings so white”
“You're the distant shape in the night”
“You're all the innocence left alive”
“You're like tainted sun”
“You're the star shining bright”
(For My Pain – Dancer in the dark)
A guerra conhecida como a Guerra dos Cinco Reis havia finalmente chegado ao fim, assim como a batalha contra os caminhantes brancos nas terras pra lá da muralha. Todo Westeros ainda estava banhado em sangue e caos. Levaria anos até que todos os Sete Reinos se recuperassem das perdas e da destruição que tantos anos de guerra lhes haviam infligido.
O novo rei no Trono de Ferro teria muito trabalho a fazer, e havia começado de maneira a deixar um sabor amargo na boca de Jaime Lannister. Há apenas um dia, ele havia escutado a sentença que o aguardava há vinte anos, desde que assassinara o rei que havia jurado proteger e ganhara a alcunha de Regicida.
- Eu, Aegon da Casa Targaryen, o sexto de meu nome, rei dos ândalos, dos roinares e dos primeiros homens, senhor dos Sete Reinos e protetor do território, condeno você, Jaime da Casa Lannister, pelo crime de alta traição. Pelas leis de Westeros, sua sentença deveria ser a morte.
“Entretanto, considerando que tal traição poupou a cidade de Porto Real de ser reduzida às cinzas, e tendo em vista seus recentes feitos, sua pena será consideravelmente mais leve. Sendo assim, com o apoio do Alto Septão e a bênção dos Sete, te destituo de seu posto de capitão da Guarda Real. Também te destituo de qualquer direito sobre as terras e riquezas de Rochedo Casterly ou quaisquer outras terras que, por herança ou não, lhes tenham sido dadas até este dia.
“Porém, qualquer terra que, a partir deste dia, lhe seja concedida por algum senhor que você venha a servir ou por casamento, será sua por direito.”
O que vinha depois disso não tinha muita relevância, ou pelo menos parecia não ter, já que Jaime havia deixado de prestar atenção. Nunca tivera paciência para palavras pomposas, nem mesmo quando ele era o assunto principal.
Resumidamente, deveria ser algo sobre sua obrigação de ser grato ao rei por ter-lhe concedido o perdão real e à família Targaryen por não tê-lo feito de comida de dragão (na verdade, a parte da comida de dragão era um acréscimo do próprio Jaime).
Agora, Jaime se dirigia ao pátio para pegar seu cavalo e deixar Porto Real. Uma vez que não era mais o capitão da guarda, não tinha mais nada que o prendesse ali.
Chegando lá, encontrou Brienne escovando seu próprio cavalo. Talvez ela tivesse se sentido um tanto deslocada entre as damas da Fortaleza Vermelha e decidido que o estábulo combinava mais com suas roupas masculinas e suas mãos enormes.
Percebendo a aproximação dele, Brienne parou o que estava fazendo e se aproximou para cumprimentá-lo.
- Não se incomode com reverências, garota. Agora sou apenas um cavaleiro sem terras, como você já deve saber. - Ela não iria fazer uma reverência, Jaime bem sabia. Mesmo assim, as palavras dele pareciam tê-la incomodado. Desajeitada, despenteada e cheirando a cavalo, ela parecia mais com um cavalariço do que com uma dama de elevado nascimento. Então, ela fez aquela expressão teimosa que já era tão familiar.
- Sim, eu estava presente quando o Rei Aegon leu sua sentença. Só estava pensando... bem... se você teria para onde ir.
- E por que não teria? Posso não ser mais herdeiro de Rochedo Casterly, mas ainda sou um Lannister. Talvez eu deva voltar para lá. Talvez meu querido irmão faça de mim o capitão da guarda do Rochedo. Ou talvez eu venha a ser o primeiro mestre de armas aleijado de Westeros, isso seria uma honra com a qual mal ouso sonhar.
Brienne arregalou os olhos por um momento, e Jaime percebeu que ela não havia compreendido a ironia imediatamente. Por mais que o tempo passasse, às vezes parecia que ela seria sempre a mesma garota estúpida.
- É que eu pensei que, bem, você me salvou em Harrenhall e depois me ajudou a salvar Podrik de Lady Catalyn, e depois disso lutamos juntos algumas vezes, então...
- Então você talvez queira, por favor, ser um pouco mais direta. Afinal, pretendo estar longe da cidade ao entardecer – interrompeu Jaime, impaciente. Nunca fora bom com despedidas, e esta não seria tão simples quanto ele imaginava. Na verdade, não havia imaginado despedida alguma, e sim pretendido sair da Fortaleza Vermelha sem que ninguém o parasse pelo caminho.
- O Entardecer, sim! Eu estava pensando que, caso você não quisesse voltar para Rochedo Casterly, talvez pudesse ir para Tarth. Sei que meu pai o aceitaria como cavaleiro no Entardecer.
Não parecia uma proposta de todo má, embora fosse, sob quase todos os aspectos, uma proposta ingênua e sem sentido. “Garota estúpida”, pensou Jaime.
- E por que eu escolheria servir ao senhor do Entardecer ao invés de servir ao senhor do Rochedo?
Era uma resposta bastante grosseira, mas que ele não conseguia evitar. Embora soubesse que não receberia exatamente agradecimentos calorosos por parte dos Targaryen, a noção de “perdão” do novo rei o deixara num péssimo humor.
Por um instante, Brienne pareceu quase magoada. Talvez a muralha ao redor dela não fosse tão indestrutível, afinal. Ou ele estava começando a entendê-la um pouco melhor. Mas Jaime achava que a segunda alternativa era bem pouco provável.
- O convite está feito, caso mude de ideia. Espero que tenha uma boa viagem até o Leste. Foi uma honra lutar ao seu lado, Ser Jaime.
Como Jaime não respondera de imediato, Brienne voltou ao cavalo e recomeçou a escová-lo, certamente pensando que a despedida estava feita. Mas não.
Jaime foi até ela e colocou sua mão dourada sobre a mão que segurava a escova, impedindo-a de continuar o trabalho.
- Só vou para Tarth se puder ter umas safiras, – disse ele com seu sorriso mais pretencioso.
- Você sabe que não há safiras em Tarth, - respondeu Brienne, visivelmente perturbada com a proximidade entre os dois.
“Inocente garota estúpida”, pensou Jaime, mas não mais com a irritação de antes. E aproximando-se mais, colocou a mão esquerda sobre a face direita dela, a única que havia sobrado depois da outra ter sido devorada a dentadas.
- Tem certeza disso? Porque safiras são a única coisa que me interessa em Tarth. – Daquela distância, os olhos dela realmente pareciam safiras. E ela nem parecia tão feia, olhando bem de perto. Não via os cabelos de palha, o nariz quebrado ou a cicatriz no rosto. Só aqueles olhos impressionates. “Olhos inocentes”, Jaime pensou antes de se aproximar mais e beijá-la. Mesmo com todo aquele tamanho, ela era mais delicada do que Cersei. Quando se afastaram, ela parecia não saber o que dizer.
- Obrigada, - Brienne disse por fim.
- Não se incomode. Sabe Brienne, quase começo a acreditar na sabedoria dos Sete. Ou em seu bom humor. Eu perdi uma mão, mas você perdeu uma face, então no fim das contas não vai fazer muita diferença, - disse Jaime antes de segurar o rosto dela para beijá-la de novo. Ela realmente era mais delicada do que Cersei, e mais doce também. Inocente.
- Você não vai demorar a voltar para Tarth, espero. - Jaime perguntou quando se separaram.
- Meu pai deve esperar a mesma coisa, - respondeu Brienne, sem compreender o que Jaime estava insinuando.
- Que bom. Porque pretendo deixar Porto Real o mais rápido possível. E quero ver se aquele mar de Tarth é mesmo tudo o que dizem.