Era para ser um drabble com o item "árvore-coração", mas acabou ultrapassando de forma absurda o limite das palavras, então vou postar como uma fic separada e normalzinha mesmo.
Item: árvore-coraçãoCategoria: gen
Gênero: One-shot/POV (a Glenda me ensinou
)
Classificação: G
Advertências: nenhuma.
Completa: [X] Sim [ ] Não
Capítulos: 1
Spoilers: apenas do primeiro livro e da série da HBO.
N/A: trata-se de uma releitura do capítulo em que Ned recebe a notícia da morte de Jon Arryn. Nessa fic vocês lerão a visão inédita do Ned sobre essa cena, já que o capítulo é narrado pelo ponto de vista da Catelyn.
Os olhos da árvore-coração o encaravam de forma silenciosa enquanto o vento produzia um tranquilo farfalhar nas incontáveis folhas do bosque sagrado. Não havia lugar no mundo em que Lorde Eddard Stark gostasse mais de permanecer quieto do que ali, amolando sua Gelo. Além de sua família, os únicos seres dos quais Ned admirava a companhia eram os deuses. Podia sentir seu poder através da milenar madeira das árvores, mesmo estando sempre calados. Ned sabia que o observavam, assim como avaliavam suas atitudes.
Por isso, não posso desapontá-los e dar-lhes motivos para que me condenem, pensou.
Estranhamente, deu-se por si pensando nos filhos e na esposa de Rhaegar Targaryen, brutal e covardemente assassinados na Sala do Trono.
Com certeza, os deuses punirão quem fez aquilo, pensou, e Ned infelizmente sabia quem eram os responsáveis.
Os malditos Lannister... Nunca confiara neles. Os leões de Rochedo Casterly traziam um rancor amargo em seu coração quando eram mencionados, muito embora Ned não os visse há quinze anos, desde que Robert Baratheon vencera o centenário poder dos dragões e se sentara naquela doentia e maligna cadeira de ferro. Se levantou por um momento e encarou a árvore-coração. Imaginou como aqueles olhos obstinados, aquela boca esculpida e os galhos secos e retorcidos, com folhas avermelhadas nas pontas, julgariam as pessoas que haviam desapontado suas leis. Depois novamente se sentou e sua mente entrou em um estado de lembranças.
A imagem de Aerys, o Rei Louco, ensanguentado sob os pés do elegante Jaime Lannister, o Regicida, com sua espada ensanguentada, preencheu sua mente. E Lorde Tywin, o Senhor do Rochedo, apresentando os corpos das crianças a Robert... Uma náusea o atingiu e resolveu parar de pensar naquilo. Com certeza, eles encontrariam a fúria das divindades do Norte, que não se manifestavam com palavras, mas sim com ações. E quanto a Robert...
Oh, deuses, estou pensando no que fariam com Robert... Beber e foder eram atividades levemente condenadas, mas o rei seu amigo com certeza não seria tão fortemente castigado... Era o que esperava. Na verdade, nem mesmo sabia se Robert ainda era seu antigo companheiro de batalhas, aquele que fora criado como seu irmão no Vale de Arryn. Fazia tantos anos que não o via. Uma voz interior lhe dizia que tempos de presságios negros estavam por vir, e que terríveis mudanças seriam necessárias. Suas divagações foram interrompidas por um movimento no bosque sagrado. Alguém saía de trás de uma árvore. Ned sorriu ao ver sua esposa. Catelyn estava sempre bonita, mas naquela manhã, seu rosto trazia um pesar que lhe deu calafrios. Se dirigiu a ele com a expressão entristecida.
- Ned... – começou ela, com a voz endurecida. – Essa notícia é difícil, mas é necessária nos tempos que estão por vir. Jon Arryn está morto.
- Oh, Jon... – Ned estava sem palavras.
Uma dor se estendeu pelo peito de Ned, trazendo consigo a mesma tristeza que sentira quando soubera das mortes de seu pai e do irmão, e depois, ao encontrar Lyanna em sua cama de sangue. A sensação de vazio se abateu por todo o seu corpo enquanto Catelyn o olhava nos olhos. Desejou escapar da notícia pensando em seus ruivos cabelos Tully.
- Robert e os Lannister vêm para Winterfell – prosseguiu ela, com firmeza no rosto enquanto olhava nos olhos dele.
- Mas... Por que haveria Robert de vir para cá? – ela não o respondeu, como se a resposta fosse óbvia.
O homem que havia sido seu segundo pai, seu protetor e principal conselheiro, que acolhera ele e Robert com toda sua dedicação e compaixão e que erguera estandartes contra os Targaryen em defesa deles, estava morto.
Tudo bem, refletiu Ned,
os deuses quiseram levá-lo e suas decisões devem ser respeitadas. Não era aquilo que o incomodava, mas sim, o terrível inverno que se abateria sobre ele e sua família. Sabia o motivo pelo qual Robert estava vindo. Os ventos gelados eram trazidos pelas negras asas dos corvos, e Ned precisava preparar sua alcatéia para um destino obscuro.
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